1 - PARATODOS - CHICO BUARQUE/TOMJOBIM        OUVIR


O meu pai era paulista

Meu avô, pernambucano

O meu bisavô, mineiro

Meu tataravô, baiano

Meu maestro soberano

Foi Antonio Brasileiro

 

Foi Antonio Brasileiro

Quem soprou esta toada

Que cobri de redondilhas

Pra seguir minha jornada

E com a vista enevoada

Ver o inferno e maravilhas

Nessas tortuosas trilhas

 

A viola me redime

Creia, ilustre cavalheiro

Contra fel, moléstia, crime

Use Dorival Caymmi

Vá de Jackson do Pandeiro

 

Vi cidades, vi dinheiro

Bandoleiros, vi hospícios

Moças feito passarinho

Avoando de edifícios

Fume Ary, cheire Vinícius

Beba Nelson Cavaquinho

 

Para um coração mesquinho

Contra a solidão agreste

Luiz Gonzaga é tiro certo

Pixinguinha é inconteste

Tome Noel, Cartola, Orestes

Caetano e João Gilberto

 

Viva Erasmo, Ben, Roberto

Gil e Hermeto, palmas para

Todos os instrumentistas

Salve Edu, Bituca, Nara

Gal, Bethania, Rita, Clara

Evoé, jovens a vista

   

 

Liberdade poética (Em negrito, adição de 02 estrofes que não existem na letra da música)

 

O meu pai era paulista

Meu avô pernambucano

O meu bisavô, mineiro

Meu tataravô baiano

Vou na estrada há muitos anos

Sou um artista brasileiro

 

Minha mãe era Cubana

Minha mulher, paranaense,

Minha sogra era indígena

E o meu sogro era cigano

Eu sou  carioca

E o meu filho canadense”

 

Os meus netos são herdeiros

De várias lugares e etnias

Mangue, mar, mata e cidade

Cigano,  índio, preto e branco

Salve os povos brasileiros

Salve a nossa diversidade!”



 Usando a letra aditada acima responda?

 

1) O autor da letra é descendente de canadenses?

 

2) O filho do  autor da letra é descendente de indígenas?

 

3) O autor é descendente de cidadãos de quais estados brasileiros?

 

4) Os netos do autor são descendentes de quais estados e países?

 

5) Os netos do autor são descendentes de quais etnias?

 

6) Quais regiões brasileira são contempladas na letra?

 

7) Quais países são contemplados na letra? (Obs. São 03 países)

 

8) E vc? É descendente de quem?  


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2 - AQUARELA BRASILEIRA - SILAS DE OLIVEIRA        OUVIR


Vejam essa maravilha de cenário
É um episódio relicário
Que o artista, num sonho genial
Escolheu para este carnaval
E o asfalto como passarela
Será a tela
Do Brasil em forma de aquarela

Passeando pelas cercanias do Amazonas
Conheci vastos seringais
No Pará, a ilha de Marajó
E a velha cabana do Timbó
Caminhando ainda um pouco mais
Deparei com lindos coqueirais
Estava no Ceará, terra de Irapuã
De Iracema e Tupã   

Fiquei radiante de alegria
Quando cheguei na Bahia
Bahia de Castro Alves, do acarajé           
Das noites de magia, do Candomblé
Depois de atravessar as matas do Ipu
Assisti em Pernambuco
A festa do frevo e do maracatu

Brasília tem o seu destaque
Na arte, na beleza, arquitetura
Feitiço de garoa pela serra
São Paulo engrandece a nossa terra
Do leste, por todo o Centro-Oeste
Tudo é belo e tem lindo matiz
E o Rio dos sambas e batucadas
Dos malandros e mulatas
De requebros febris

Brasil, estas nossas verdes matas
Cachoeiras e cascatas de colorido sutil
E este lindo céu azul de anil
Emolduram, aquarelam meu Brasil



 ASSOCIE:

 

1 - Acarajé                (    ) São Paulo

2 - Timbó                  (    ) Ceará

3 -  Garoa                 (    ) Pará

4 - Arquitetura         (    ) Rio de Janeiro

5 - Seringais            (    ) Pernambuco

6 - Frevo                   (    ) Bahia

7 - Samba                (    ) Amazonas

8 - Iracema              (    ) Brasília                                       


     

9) Qual região brasileira não foi contemplada na letra dessa música?                             

                                                                 

 

 

10) Qual região brasileira foi a mais contemplada na letra desta música? Quais estados?

 

 

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3 - RACISMO É BURRICE - Gabriel - O Pensador      OUVIR


Salve, meus irmãos africanos e lusitanos, do outro lado do oceano
"O Atlântico é pequeno pra nos separar,

porque o sangue é mais forte que a água do mar"


Racismo, preconceito e discriminação em geral;
É uma
burrice coletiva sem explicação
Afinal, que justificativa você me dá para um povo que precisa de união
Mas demonstra claramente
Infelizmente, preconceitos mil
De naturezas diferentes
Mostrando que essa gente
Essa gente do Brasil é muito burra
E não enxerga um palmo à sua frente
Porque se fosse inteligente esse povo

Já teria agido de forma mais consciente


Eliminando da mente todo o preconceito
E não agindo com a burrice estampada no peito
A "elite" que devia dar um bom exemplo
É a primeira a demonstrar esse tipo de sentimento
Num complexo de superioridade infantil
Ou justificando um sistema de relação servil

E o povão vai como um bundão na onda do racismo e da discriminação
Não tem a união e não vê a solução da questão
Que por incrível que pareça está em nossas mãos
Só precisamos de uma reformulação geral
Uma espécie de lavagem cerebral

Racismo é burrice

Não seja um imbecil
Não seja um ignorante
Não se importe com a origem ou a cor do seu semelhante
O quê que importa se ele é nordestino e você não?
O quê que importa se ele é preto e você é branco
Aliás, branco no Brasil é difícil, porque no Brasil somos todos mestiços


Se você discorda, então olhe para trás
Olhe a nossa história
Os nossos ancestrais
O Brasil colonial não era igual a Portugal
A raiz do
meu país era multirracial
Tinha índio, branco, amarelo, preto
Nascemos da mistura, então por que o preconceito?


Barrigas cresceram
O tempo passou
Nasceram os brasileiros, cada um com a sua cor
Uns com a pele clara, outros mais escura
Mas todos viemos da mesma mistura
Então presta atenção nessa sua babaquice
Pois como eu já disse racismo é burrice
Dê a ignorância um ponto final:
Faça
uma lavagem cerebral

Racismo é burrice

Negros e nordestinos constróem seu chão
Trabalhador da construção civil conhecido como peão
No Brasil, o mesmo negro que constrói o seu apartamento

ou o que lava o chão de uma delegacia
É revistado e humilhado por um guarda nojento
Que ainda recebe o salário e o pão de cada dia

graças ao negro, ao nordestino e a todos nós
Pagamos homens que pensam que ser humilhado não dói


O preconceito é uma coisa sem sentido
Tire a burrice do peito e me dê ouvidos
Me responda se você discriminaria

Um juiz Lalau ou o PC Farias
Não, você não faria isso não
Você aprendeu que preto é ladrão
Muitos negros roubam, mas muitos são roubados
E cuidado com esse branco aí parado do seu lado

Porque se ele passa fome
Sabe como é: Ele rouba e mata um homem
Seja você ou seja o Pelé
Você e o Pelé morreriam igual
Então que morra o preconceito e viva a união racial
Quero ver essa música você aprender e fazer
A lavagem cerebral

Racismo é burrice

O racismo é burrice mas o mais burro não é o racista
É o que pensa que o racismo não existe
O pior cego é o que não quer ver
E o racismo está dentro de você


Porque o racista na verdade é um tremendo babaca
Que assimila os preconceitos porque tem cabeça fraca
E desde sempre não pára pra pensar
Nos conceitos que a sociedade insiste em lhe ensinar
E de pai pra filho o racismo passa
Em forma de piadas que teriam bem mais graça


Se não fossem os retratos da nossa ignorância
Transmitindo a discriminação desde a infância
E o que as crianças aprendem brincando
É nada mais nada menos do que a
estupidez se propagando
Nenhum tipo de racismo - eu digo nenhum tipo de racismo - se justifica
Ninguém explica
Precisamos da lavagem cerebral pra acabar com esse lixo que é
uma herança cultural
Todo mundo que é racista não sabe a razão
Então eu digo meu irmão
Seja do povão ou da "elite"
Não participe
Pois como eu já disse racismo é burrice
Como eu já disse racismo é burrice

Racismo é burrice

E se você é mais um burro, não me leve a mal
É hora de fazer uma lavagem cerebral
Mas isso é compromisso seu
Eu nem vou me meter
Quem vai lavar a sua mente não sou eu
É você
.


ATIVIDADE : EXPLIQUE AS PALAVRAS OU FRASES EM NEGRITO.


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4 - Cálice - Chico Buarque e Gilberto Gil         OUVIR

 

Cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Como beber dessa bebida amarga
Tragar a dor, engolir a labuta
Mesmo calada a boca, resta o peito
Silêncio na cidade não se escuta
De que me vale ser filho da santa
Melhor seria ser filho da outra
Outra realidade menos morta
Tanta mentira, tanta força bruta
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumano
Que é uma maneira de ser escutado
Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada pra a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
De muito gorda a porca já não anda
De muito usada a faca já não corta
Como é difícil, pai, abrir a porta
Essa palavra presa na garganta
Esse pileque homérico no mundo
De que adianta ter boa vontade
Mesmo calado o peito, resta a cuca
Dos bêbados do centro da cidade
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Talvez o mundo não seja pequeno
Nem seja a vida um fato consumado
Quero inventar o meu próprio pecado
Quero morrer do meu próprio veneno
Quero perder de vez tua cabeça
Minha cabeça perder teu juízo
Quero cheirar fumaça de óleo diesel
Me embriagar até que alguém me esqueça

A música Cálice foi escrita em 1973 por Chico Buarque e Gilberto Gil, sendo lançada apenas em 1978. Devido ao seu conteúdo de denúncia e crítica social, foi censurada pela ditadura, sendo liberada cinco anos depois. 
Cálice se tornou num dos mais famosos hinos de resistência ao regime militar. Trata-se de uma canção de protesto que ilustra, através de metáforas e duplos sentidos, a repressão e a violência do governo autoritário.

       Cálice" foi escrita para ser apresentada no show Phono 73 que reunia, em duplas, os

        maiores artistas da gravadora Phonogram. Quando submetido ao crivo da censura, o         tema foi reprovado. Os artistas decidiram cantá-la, mesmo assim, murmurando a                 melodia e repetindo apenas a palavra "cálice". Acabaram sendo impedidos de cantar e

       o  som dos seus microfones foi cortado. Veja.

Análise da letra
Refrão
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue

A música começa com a referência de uma passagem bíblica: "Pai, se queres, afasta de mim este cálice" (Marcos 14:36); lembrando Jesus antes do calvário.


A frase ganha um significado ainda mais forte quando reparamos na semelhança de sonoridade entre "cálice" e "cale-se". Como se suplicasse "Pai, afasta de mim esse cale-se", os autores da música pedem o fim da censura, essa mordaça que o silencia.


Se, na Bíblia, o cálice estava repleto do sangue de Jesus, nesta realidade, o sangue que transborda é o das vítimas torturadas e mortas pela ditadura.


Primeira estrofe


Como beber dessa bebida amarga
Tragar a dor, engolir a labuta
Mesmo calada a boca, resta o peito
Silêncio na cidade não se escuta
De que me vale ser filho da santa
Melhor seria ser filho da outra
Outra realidade menos morta
Tanta mentira, tanta força bruta


Os autores expressam a sua dificuldade em beber essa "bebida amarga" que lhe oferecem, "tragar a dor", ou seja, banalizar o seu martírio, aceita-lo como se fosse natural. Referem também que tem que "engolir a labuta", o trabalho pesado e mal remunerado, a exaustão que é obrigado a aceitar calado, a opressão que já se tornou rotina.


No entanto, "mesmo calada a boca, resta o peito" e tudo o que ele continua sentido, ainda que não possa se expressar livremente.


Ser "Filho da Santa" em referência a padroeira do Brasil, Nossa Senhora da Aparecida ele relatam que preferiam ser filho da outra. Pela ausência de rima, podemos concluir que os autores queriam incluir um palavrão.


Declara, outrossim, sua vontade de ter nascido em "outra realidade menos morta".

Queria viver sem ditadura, sem "mentira" (como o suposto milagre econômico que o governo aclamava) e "força bruta" (autoritarismo, violência policial, tortura).



Segunda estrofe


Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumano
Que é uma maneira de ser escutado
Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada pra a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa


Nestes versos, vemos a luta interior para acordar em silêncio a cada dia, sabendo das violências que aconteciam durante a noite. Sabendo que, mais cedo ou mais tarde, também se tornariam vítimas.


A letra faz alusão a um método bastante usado pela polícia militar brasileira. Invadindo casas durante a noite, arrastava "suspeitos" das suas camas, prendendo uns, matando outros, e fazendo sumir os restantes.

 .

Apesar de "atordoado", declara que permanece "atento", em estado de alerta, pronto para participar da reação coletiva. Mas, por enquanto, assiste passivamente na "arquibancada", esperando, temendo ,"o monstro da lagoa". A figura, própria do imaginário das histórias infantis, representa aquilo que nos foi ensinado que devemos temer, servindo de metáfora para a ditadura.O monstro do lago de Paranoá em Brasília.



Terceira estrofe


De muito gorda a porca já não anda
De muito usada a faca já não corta
Como é difícil, pai, abrir a porta
Essa palavra presa na garganta
Esse pileque homérico no mundo
De que adianta ter boa vontade
Mesmo calado o peito, resta a cuca
Dos bêbados do centro da cidade


Aqui, ganância é simbolizada pelo pecado capital da gula, com a da porca gorda e inerte como metáfora de um governo corrupto e incompetente que não consegue mais operar.

A brutalidade da polícia, transformada em "faca", perde seu propósito pois está gasta de tanto ferir e "já não corta", sua força vai desaparecendo, o poder vai enfraquecendo.


Novamente, o sujeito narra sua luta quotidiana em sair de casa, "abrir a porta", estar no mundo silenciado, com "essa palavra presa na garganta".


Além disso, podemos entender "abrir a porta" como sinônimo de se libertar, nesse caso, através da queda do regime. 


Apesar de ser forçado a reprimir palavras e sentimentos, continua mantendo o pensamento crítico, "resta a cuca". Mesmo quando deixamos de sentir, existem sempre as mentes dos desajustados, os "bêbados do centro da cidade" que continuam sonhando com uma vida melhor.



Quarta estrofe


Talvez o mundo não seja pequeno
Nem seja a vida um fato consumado
Quero inventar o meu próprio pecado
Quero morrer do meu próprio veneno
Quero perder de vez tua cabeça
Minha cabeça perder teu juízo
Quero cheirar fumaça de óleo diesel
Me embriagar até que alguém me esqueça


Contrastando com as anteriores, a última estrofe traz um laivo de esperança nos versos iniciais, com a possibilidade do mundo não se limitar apenas àquilo que o sujeito conhece.


Percebendo que sua vida não é "fato consumado", que está em aberto e pode seguir diversas direções, reclamando o seu direito sobre si mesmo. Querendo inventar seu "próprio pecado" e morrer do "próprio veneno".


Sonhando com a liberdade, demonstra a extrema necessidade de pensar e se expressar livremente. Quer se reprogramar de tudo o que a sociedade conservadora lhe ensinou e deixar de estar subjugado a ela ("perder teu juízo").


Os dois versos finais fazem alusão direta a um dos métodos de tortura usados pela ditadura militar (a inalação de óleo diesel). Ilustram também a uma tática de resistência (fingir perder os sentidos para que interrompessem essa tortura).



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5 - MEU LUGAR - ARLIND0 CRUZ / MAURO DINIZ           OUVIR


O meu lugar é caminho de Ogum e Iansã

Lá tem samba até de manhã

Uma ginga em cada andar


O meu lugar

É cercado de luta e suor

Esperança num mundo melhor

E cerveja pra comemorar


O meu lugar

Tem seus mitos e seres de luz

É bem perto de Osvaldo Cruz

Cascadura, Vaz Lobo e Irajá


O meu lugar

É sorriso é paz e prazer

O seu nome é doce dizer

Madureira, lá laiá

Madureira, lá laiá



(2.ª parte)


Ah meu lugar

A saudade me faz relembrar

Os amores que eu tive por lá

É difícil esquecer


Doce lugar

Que é eterno no meu coração

Que aos poetas traz inspiração

Pra cantar e escrever


Ai meu lugar

Quem não viu Tia Eulália dançar

Vó Maria o terreiro benzer

E ainda tem jongo à luz do luar


Ai que lugar

Tem mil coisas pra gente dizer

O difícil é saber terminar

Madureira, lá laiá

Madureira, lá laiá

Madureira


Em cada esquina um pagode num bar

Em Madureira


Império e Portela também são de lá

Em Madureira


E no Mercadão você pode comprar

Por uma pechincha você vai levar

Um dengo, um sonho pra quem quer sonhar

Em Madureira


E quem se habilita até pode chegar

Tem jogo de lona, caipira e bilhar

Buraco, sueca pro tempo passar

Em Madureira


E uma fezinha até posso fazer

No grupo dezena, centena e milhar

Pelos sete lados eu vou te cercar

Em Madureira


E lalalaiala laia la la ia

E lalalaiala laia la la ia

E lalalaiala laia la la ia

Em Madureira


E lalalaiala laia la la ia

E lalalaiala laia la la ia

E lalalaiala laia la la ia

Em Madureira


Se uma canção faz alusão a lugares e pessoas de um lugar onde o autor vive, essa canção só cabe para ele ou para outras pessoas que vivem no mesmo lugar.

Para transformar a letra da canção como sendo sua, temos que a partir da letra da música descrever o “nosso lugar” e as suas histórias. 


No caso da música "Meu Lugar", os autores, definem onde moram, enaltecendo tudo de bom que seu coração e seus olhos presenciam ou presenciaram.Cabe ao aluno pensar e repensar o lugar onde vive, buscando principalmente (como na música) o que engrandece, o que lhe agrada, o que lhe orgulha, escrevendo sobre tudo isso. Assim, cada um terá um "Meu lugar" para chamar de seu.


ATIVIDADE I: Usando a letra da música, sem se preocupar com as rimas, descreva o seu lugar e transforme a música de Arlindo Cruz, no "Seu Lugar”.


Atividade II - Responda:


1) Quem são os autores da música “Meu lugar”?


2) A música “Meu lugar” é uma homenagem a Madureira. Onde localiza-se Madureira, o que é?


3) Madureira também é conhecida como?


4) O que é Jongo, que aparece na letra a música “Meu Lugar”?


5) Na música “Meu Lugar” aparece um tal “jogo de lona”. Que jogo é esse?


6) Ogum e Iansã são entidades de qual religião?


7) Império e Portela citados na música “Meu Lugar” são o que?


8) Na música “Meu Lugar” aparecem nomes de bairros do Rio de Janeiro. Quais?


9) Na letra da música “Meu Lugar” diz que dá para fazer uma fezinha, no grupo, dezena, centena e milhar. Que jogo é esse?


10) Que faziam Tia Eulália e Vó Maria em Madureira, segundo a letra da música “Meu Lugar”?



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6 - MESTRE SALA DOS MARES - JOÃO BOSCO / ALDIR BLANC


                                                                                                      OUVIR


Em vermelho, como era a letra original antes de ser censurada


Há muito tempo nas águas da Guanabara
O dragão do mar reapareceu
Na figura de um bravo feiticeiro (marinheiro)
A quem a história não esqueceu

Conhecido como o navegante negro (o almirante negro)
Tinha a dignidade de um mestre-sala
E ao acenar (navegar) pelo mar, na alegria das regatas (com seu bloco de fragatas)
Foi saudado no porto pelas mocinhas francesas
Jovens polacas e por batalhões de mulatas

Rubras cascatas
Jorravam das costas dos santos entre cantos e chibatas (dos negros pelas pontas da chibatas)
Inundando o coração do pessoal do porão
(de toda a tripulação)
Que a exemplo do feiticeiro (marinheiro), gritava então

Glória aos piratas
Às mulatas, às sereias

Glória à farofa
À cachaça, às baleias

Glória a todas as lutas inglórias
Que através da nossa história não esquecemos jamais

Salve o navegante negro (o almirante negro)
Que tem por monumento as pedras pisadas do cais

Mas salve
Salve o navegante negro (o almirante negro)
Que tem por monumento as pedras pisadas do cais

Mas faz muito tempo


João Cândido Felisberto, o Almirante Negro, liderou uma revolta em 1910 contra a Marinha. O acontecimento é conhecido como a Revolta da Chibata. No dia 21 de novembro daquele ano, 2.379 marinheiros se rebelaram contra as chibatadas dadas por superiores como castigo. Os castigos físicos haviam sido abolidos no Exército em 1890, mas na Marinha, persistia a aplicação de chibatadas, que recaíam principalmente sobre os marujos, pois ocupavam a base da hierarquia militar.


O estopim aconteceu no dia anterior quando o marujo  Marcelino Rodrigues Menezes,  recebeu 250 chibatadas, o castigo continuou até o final, mesmo o marinheiro tendo desmaiado no meio do caminho, além disso, o capitão do navio negou atendimento médico a Marcelino.


João Cândido servia no Encouraçado Minas Gerais, o mais moderno de toda a frota. Neste navio trabalhavam a bordo 887 praças e 107 oficiais, além de 8 carrascos, para aplicarem as punições aos marinheiros, pois, além da chibata, havia outras punições como a gargalha, ferro que prendia a vítima pelo pescoço, muito usado contra os escravos, a palmatória e a prisão onde os marujos eram acorrentados pelo período de três a oito dias na solitária, com alimentação a pão e água.


Marinha Brasileira na época era composta por 50% de negros, 30% de mulatos, 10% de caboclos e 10% de brancos. A maioria dos marinheiros, naquela época, era composta por homens pobres, geralmente filhos de escravos, que recebiam salários irrisórios e eram constantemente humilhados. Deveriam servir por no mínimo 15 anos, se saíssem antes disso, seriam considerados desertores e seriam presos.

Durante a revolta, João Cândido, um dos poucos cabos negros da marinha, manobrou os 04 navios da frota (Minas Gerais, São Paulo, Bahia e Deodoro) pela Baía de Guanabara com grande maestria, recebendo o apelido de "Almirante Negro".


Acabada a revolta, os castigos físicos foram abolidos. Entretanto a quase totalidade de marinheiros constituído de ex escravos e filhos de escravos foram sendo trocados por marinheiros de etnia branca. 


João Cândido foi preso e enviado para o presídio em Ilha das Cobras (RJ), onde dividiu uma solitária com mais 17 revoltosos numa cela onde cabiam 04. Apenas o Almirante Negro e um companheiro, João Avelino Lira, sobreviveram após dias sem água, comida, extremo calor e péssimas condições de higiene.


Em 1911, João Cândido foi internado no Hospital dos Alienados (o hospício da época). No ano seguinte, ele foi julgado e expulso da Marinha. Após sair da prisão, em 30 de dezembro de 1912, João Cândido passou viver de biscates e da venda de peixes.


E foi com essa atividade que na Praça XV em 1937, aos 57 anos, já desconhecido por todos, conheceu Edmar Morel, Jornalista do Globo, que decidiu escrever sua história biográfica intitulada A Revolta da Chibata (1959).

O Encouraçado Minas Gerais e o "Almirante Negro"

Consta ainda que em março de 1953, quando soube que o Minas Gerais seria vendido como sucata, subiu em seu modesto caiaque, o Três Marias, indo até ancoradouro. Lá chegando deu um beijo de despedida no casco enferrujado do navio que ele, juntamente com outros marinheiros negros, havia posto a fim os maus tratos feitos aos negros da Marinha Brasileira e o colocado no patamar de "Herói da Libertação do Povo Brasileiro". 


Em 1974 foi homenageado por João Bosco/Aldir Blanc na música "Mestre Sala dos Mares" não sem antes a letra ter sido modificada por imposição da censura. Há época como dizia a música João Cândido só tinha por monumento "As pedras pisadas no cais".


Porém, em 22 de novembro de 2007, no aniversário de 97 anos da Revolta da Chibata, João Cândido foi homenageado com uma nos jardins do Museu da República. A inauguração da estátua contou com a presença do então Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, mas, sem a presença de nenhum membro das forças armadas no local.


Posteriormente, a estátua foi transferida para a Praça XV, próxima a antiga estação dos catamarãs. Em 2022 ela foi restaurada e reposicionada  na Praça Marechal Âncora, no Centro do Rio, de frente para o mar. Produzida em bronze, a estátua mede 4,3 metros de altura e 1,5 m de base.

Em 2012, João Cândido foi homenageado dando nome a um navio petroleiro construído no Brasil. Novamente, nenhum membro das forças armadas participaram do seu batismo.




7 - CIDADÃO - ZÉ GERALDO                             OUVIR


'Tá vendo aquele edifício, moço?
Ajudei a levantar
Foi um tempo de aflição
Era quatro condução
Duas pra ir, duas pra voltar

Hoje depois dele pronto
Olho pra cima e fico tonto
Mas me vem um cidadão
E me diz, desconfiado
Tu 'tá aí admirado
Ou 'tá querendo roubar?

Meu domingo 'tá perdido
Vou pra casa entristecido
Dá vontade de beber
E pra aumentar o meu tédio
Eu nem posso olhar pro prédio
Que eu ajudei a fazer


'Tá vendo aquele colégio, moço?
Eu também trabalhei lá
Lá eu quase me arrebento
Fiz a massa, pus cimento
Ajudei a rebocar

Minha filha inocente
Vem pra mim toda contente
Pai, vou me matricular
Mas me diz um cidadão
Criança de pé no chão
Aqui não pode estudar

Essa dor doeu mais forte
Por que é que eu deixei o norte?
Eu me pus a me dizer
Lá a seca castigava
Mas o pouco que eu plantava
Tinha direito a comer


'Tá vendo aquela igreja, moço?
Onde o padre diz amém
Pus o sino e o badalo
Enchi minha mão de calo
Lá eu trabalhei também

Lá foi que valeu a pena
Tem quermesse, tem novena
E o padre me deixa entrar
Foi lá que Cristo me disse

Rapaz deixe de tolice
Não se deixe amedrontar
Fui eu quem criou a terra
Enchi o rio, fiz a serra
Não deixei nada faltar

Hoje o homem criou asa
E na maioria das casas
Eu também não posso entrar
Fui eu quem criou a terra
Enchi o rio, fiz a serra
Não deixei nada faltar
Hoje o homem criou asas
E na maioria das casas
Eu também não posso entrar



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8 - FILHO ADOTIVO - SÉRGIO REIS                                     OUVIR


Com sacrifício
Eu criei meus sete filhos
Do meu sangue, eram seis
E um peguei com quase um mês

Fui viajante

Fui roceiro, fui andante

E pra alimentar meus filhos

Não comi pra mais de vez


Sete crianças
Sete bocas inocentes
Muito pobres, mas contentes
Não deixei nada faltar

Foram crescendo
Foi ficando mais difícil
Trabalhei de Sol a Sol
Mas eles tinham que estudar

Meu sofrimento
Ah, meu Deus, valeu a pena
Quantas lágrimas chorei
Mas tudo foi com muito amor

Sete diplomas
Sendo seis muito importantes
Que, às custas de uma enxada
Conseguiram ser doutor

Hoje estou velho
Meus cabelos branqueados
O meu corpo está surrado
Minhas mãos nem mexem mais

Uso bengala
Sei que dou muito trabalho
Sei que às vezes atrapalho
Meus filhos até demais

Passou o tempo
E eu fiquei muito doente
Hoje vivo num asilo
E só um filho vem me ver

Esse meu filho
Coitadinho, muito honesto
Vive apenas do trabalho
Que arranjou para viver

Mas Deus é grande
Vai ouvir as minhas preces
Esse meu filho querido vai vencer
Eu sei que vai

Faz muito tempo
Que não vejo os outros filhos
Sei que eles estão bem
E não precisam mais do pai

Um belo dia
Me sentindo abandonado
Ouvi uma voz bem do meu lado
Pai, eu vim pra te buscar

Arrume as malas
Vem comigo, pois venci
Comprei casa e tenho esposa
E o seu neto vai chegar
De alegria, eu chorei e olhei pro céu
Obrigado, meu Senhor
A recompensa já chegou

Meu Deus proteja
Os meus seis filhos queridos
Mas foi meu filho adotivo
Que a este velho amparou


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9 - GENI E O ZEPELIM - CHICO BUARQUE        OUVIR



De tudo que é nego torto
Do mangue, do cais, do porto
Ela já foi namorada


O seu corpo é dos errantes
Dos cegos, dos retirantes
É de quem não tem mais nada


Dá-se assim desde menina
Na garagem, na cantina
Atrás do tanque, no mato


É a rainha dos detentos
Das loucas, dos lazarentos
Dos moleques do internato


E também vai amiúde
Com os velhinhos sem saúde
E as viúvas sem porvir


Ela é um poço de bondade
E é por isso que a cidade
Vive sempre a repetir


Joga pedra na Geni
Joga pedra na Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni


Um dia surgiu, brilhante
Entre as nuvens, flutuante
Um enorme zepelim


Pairou sobre os edifícios
Abriu dois mil orifícios
Com dois mil canhões assim


A cidade apavorada
Se quedou paralisada
Pronta pra virar geléia


Mas do zepelim gigante
Desceu o seu comandante
Dizendo: Mudei de idéia


Quando vi nesta cidade
Tanto horror e iniquidade
Resolvi tudo explodir


Mas posso evitar o drama
Se aquela formosa dama
Esta noite me servir


Essa dama era Geni
Mas não pode ser Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni


Mas de fato, logo ela
Tão coitada, tão singela
Cativara o forasteiro


O guerreiro tão vistoso
Tão temido e poderoso
Era dela prisioneiro


Acontece que a donzela
E isso era segredo dela
Também tinha seus caprichos


E a deitar com homem tão nobre
Tão cheirando a brilho e a cobre
Preferia amar com os bichos


Ao ouvir tal heresia
A cidade em romaria
Foi beijar a sua mão


O prefeito de joelhos
O bispo de olhos vermelhos
E o banqueiro com um milhão


Vai com ele, vai Geni
Vai com ele, vai Geni
Você pode nos salvar
Você vai nos redimir
Você dá pra qualquer um
Bendita Geni


Foram tantos os pedidos
Tão sinceros, tão sentidos
Que ela dominou seu asco


Nessa noite lancinante
Entregou-se a tal amante
Como quem dá-se ao carrasco


Ele fez tanta sujeira
Lambuzou-se a noite inteira
Até ficar saciado


E nem bem amanhecia
Partiu numa nuvem fria
Com seu zepelim prateado


Num suspiro aliviado
Ela se virou de lado
E tentou até sorrir


Mas logo raiou o dia
E a cidade em cantoria
Não deixou ela dormir


Joga pedra na Geni
Joga bosta na Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni

Joga pedra na Geni
Joga bosta na Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni


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10 - PARA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DAS FLORES -

GERALDO VANDRÉ                                         OUVIR


Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Somos todos iguais
Braços dados ou não
Nas escolas, nas ruas
Campos, construções
Caminhando e cantando
E seguindo a canção


Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer


Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer


Pelos campos há fome
Em grandes plantações
Pelas ruas, marchando
Indecisos cordões
Ainda fazem da flor
Seu mais forte refrão
E acreditam nas flores
Vencendo o canhão


Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer


Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer


Há soldados armados
Amados ou não
Quase todos perdidos
De armas na mão


Nos quartéis lhes ensinam
Uma antiga lição
De morrer pela pátria
E viver sem razão


Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer


Nas escolas, nas ruas
Campos, construções
Somos todos soldados
Armados ou não

Caminhando e cantando
E seguindo a canção

Somos todos iguais
Braços dados ou não


Os amores na mente
As flores no chão
A certeza na frente
A história na mão

Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Aprendendo e ensinando
Uma nova lição


Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer


Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer


Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer


A música "Pra não dizer que não falei das flores" foi escrita e cantada por Geraldo Vandré em 1968, conquistando o segundo lugar no Festival Internacional da Canção desse ano. O tema, também conhecido como "Caminhando", se tornou um dos maiores hinos da resistência ao sistema ditatorial militar que vigorava na época. A composição foi censurada pelo regime e Vandré foi perseguido pela polícia militar, tendo que fugir do país e optar pelo exílio para evitar represálias.


Com a sonoridade de um hino, a música parece fazer referência às canções que eram usadas em passeatas, protestos e manifestações contra o regime, que se espalhavam pelo país no ano de 1968. A música era, então, usada como um instrumento de combate, que pretendia divulgar, de forma direta e concisa, mensagens ideológicas e de revolta.


1.ª ESTROFE

"Caminhando e cantando e seguindo a canção
Somos todos iguais braços dados ou não
Nas escolas, nas ruas, campos, construções
Caminhando e cantando e seguindo a canção"

A primeira estrofe assinala isso, com os verbos "caminhando e cantando", que remetem diretamente para a imagem de uma passeata ou um protesto público. Lá, os cidadãos são "todos iguais", mesmo não existindo relação entre si ("braços dados ou não"). É evidente a necessidade de união que é convocada e a lembrança de que todos queriam a mesma coisa: liberdade.


REFRÃO

Vem, vamos embora, que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer

O refrão, repetido várias vezes ao longo da música, é um apelo à ação e à união. Geraldo Vandré fala diretamente com quem escuta a música, chamando para a luta: "Vem". Com o uso da primeira pessoa do plural (em "vamos embora"), imprime um aspeto coletivo à ação, lembrando que seguirão juntos no combate.


Ao afirmar que “esperar não é saber”, o autor sublinha que quem está consciente da realidade do país não pode aguardar de braços cruzados que as coisas mudem. A mudança e a revolução não serão entregues de bandeja para ninguém, é necessário agirem rapidamente (“quem sabe faz a hora, não espera acontecer”).

2.ª ESTROFE
Pelos campos há fome em grandes plantações
Pelas ruas marchando indecisos cordões
Ainda fazem da flor seu mais forte refrão
E acreditam nas flores vencendo o canhão

Nesta estrofe, é denunciada a miséria em que os agricultores e camponeses viviam e a exploração a que estavam sujeitos ("fome nas grandes plantações"). Existe também uma forte crítica aos pacifistas que pretendiam resolver a crise política com diplomacia e comum acordo, organizados em "indecisos cordões".

Os ideais de "paz e a amor" promovidos pelo movimento da contracultura hippie, o flower power, são simbolizados pelas flores (o "mais forte refrão"). É sublinhada a sua insuficiência contra o "canhão" (a força e a violência da polícia militar).


3.º ESTROFE

Há soldados armados, amados ou não
Quase todos perdidos de armas na mão
Nos quartéis lhes ensinam uma antiga lição
De morrer pela pátria e viver sem razão

Embora as forças militares simbolizassem o inimigo, o poder ditatorial, a música não desumaniza os soldados. Pelo contrário, lembra que estavam “quase todos perdidos de armas na mão”, ou seja, usavam da violência, matavam, mas nem eles mesmos sabiam porquê. É evidente a necessidade de união que é convocada e a lembrança de que todos queriam a mesma coisa: liberdade.

 4.º ESTROFE
Nas escolas, nas ruas, campos, construções
Somos todos soldados, armados ou não
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Somos todos iguais braços dados ou não
Os amores na mente, as flores no chão
A certeza na frente, a história na mão
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Aprendendo e ensinando uma nova lição

Na última estrofe, é reforçada a mensagem de igualdade entre todos os cidadãos e a urgência de partirem juntos para a luta, porque só através do movimento organizado poderia chegar a revolução.


A música lembrava que deviam avançar com os "amores na mente", pensando nas pessoas que amavam e foram vítimas da repressão militar. Para serem vitoriosos, era necessário deixarem "as flores no chão", ou seja, abandonarem as abordagens pacifistas.


Estava nas suas mãos "a história", a possibilidade de mudar a realidade do país e o futuro para todos os brasileiros . Deveriam continuar "caminhando e cantando" e "aprendendo e ensinando uma nova lição", transmitindo o seu conhecimento, despertando outras pessoas para a militância.



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11- ÍNDIOS - LEGIÃO URBANA


Quem me dera ao menos uma vez
Ter de volta todo o ouro que entreguei a quem
Conseguiu me convencer que era prova de amizade
Se alguém levasse embora até o que eu não tinha


Quem me dera ao menos uma vez
Esquecer que acreditei que era por brincadeira
Que se cortava sempre um pano de chão
De linho nobre e pura seda


Quem me dera ao menos uma vez
Explicar o que ninguém consegue entender
Que o que aconteceu ainda está por vir
E o futuro não é mais como era antigamente


Quem me dera ao menos uma vez
Provar que quem tem mais do que precisa ter
Quase sempre se convence que não tem o bastante
Fala demais por não ter nada a dizer


Quem me dera ao menos uma vez
Que o mais simples fosse visto
Como o mais importante
Mas nos deram espelhos e vimos um mundo doente


Quem me dera ao menos uma vez
Entender como um só Deus ao mesmo tempo é três
E esse mesmo Deus foi morto por vocês
Sua maldade, então, deixaram Deus tão triste


Eu quis o perigo e até sangrei sozinho, entenda
Assim pude trazer você de volta pra mim
Quando descobri que é sempre só você
Que me entende do iní­cio ao fim


E é só você que tem a cura pro meu vício
De insistir nessa saudade que eu sinto
De tudo que eu ainda não vi


Quem me dera ao menos uma vez
Acreditar por um instante em tudo que existe
E acreditar que o mundo é perfeito
E que todas as pessoas são felizes


Quem me dera ao menos uma vez
Fazer com que o mundo saiba que seu nome
Está em tudo e mesmo assim
Ninguém lhe diz ao menos obrigado


Quem me dera ao menos uma vez
Como a mais bela tribo
Dos mais belos índios
Não ser atacado por ser inocente


Eu quis o perigo e até sangrei sozinho, entenda
Assim pude trazer você de volta pra mim
Quando descobri que é sempre só você
Que me entende do início ao fim

E é só você que tem a cura pro meu vício


De insistir nessa saudade que eu sinto
De tudo que eu ainda não vi

Nos deram espelhos e vimos um mundo doente
Tentei chorar e não consegui


A letra da música Índios possibilita várias abordagens para o tema da conquista do Novo Mundo, veja:


-  Os conquistadores chegaram e usaram a amizade como estratégia de dominação. Os nativos foram receptivos, a princípio, pois tudo era novo para eles. Os conquistadores se aproveitaram disso e exploraram de forma intensa toda a riqueza mineral que esses nativos possuíam. Faziam trocas por objetos que não tinha nenhum valor.


- Depois da chegada dos conquistadores, o mundo desses nativos jamais foi o mesmo. As transformações ocorridas com a chegada dos europeus não beneficiaram os povos conquistados; ao contrário, os dilaceraram. Os europeus trouxeram várias novidades como o espelho, o cavalo, armas de fogo, o aço, mas trouxeram também doenças às quais o índio não tinha nenhuma resistência.




- A catequização dos nativos com a imposição do catolicismo e a resistência à dominação europeia. Os nativos não foram passivos, foram enganados até certo ponto. A violência física foi exercida de forma brutal tanto quanto a violência simbólica.




- Os nativos que aqui já viviam eram os verdadeiros donos dessas terras, mas não foram respeitados e vistos como semelhantes pelos europeus em nenhuma situação. Para os europeus eles eram selvagens, bárbaros, por isso cabia aos brancos civilizá-los, ou melhor, domesticá-los. 


- Mongaguá, Peruíbe, Itanhaém, Guarujá, Bertioga, Boracéia, Boissucanga e tantos outras localidades, tem esses nomes por que foram dados pelos índios que ali viviam. Locais passados de geração em geração, em terras que lhes pertenciam. 


- A atual situação do índio nas Américas.


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